sábado, 31 de dezembro de 2011

RenovAÇÃO


RenovAÇÃO


Mais um fim de ano, mais um novo ano, o novo, que sempre vem pra nos permitir uma renovação, uma mudança, chegou a hora de fazer tudo diferente, de mudar o que deu errado, manter o que deu certo, de fazer o que deveria ter sido feito e não foi.

Essa é a hora de agir, de planejar, de criar metas, de correr atrás do que quer, de refletir. A hora de plantar é agora.

Desejo a todos um feliz ano novo, cheio de desafios e dificuldades superáveis, são eles que nos tornam mais fortes e vitoriosos.

Grande abraço a todos que me seguem, me visitam, me acompanham, comentam ou simplesmente dão uma espiadinha de vez em quando. Agradeço a todos e em 2012 continuamos juntos, eu falando e esperando que minha voz ecoe em algum lugar além da minha própria mente.

[Mente Hiperativa]


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Por água abaixo



Por água abaixo

De fato ele mentiu, mas as inúmeras verdades que falou anteriormente de nada valem?

Ele deu um passo em falso e caiu, mas os inúmeros passos acertados que antecederam a queda não pesam no julgamento?

Agora que errou feio parece que os inúmeros acertos não tiveram o menor valor diante disso.

Será que não fazem diferença alguma?

Será que num dia é possível se perder toda uma vida? Será que num gesto errado se perde a confiança de toda uma vida?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O hospício



O hospício


Estava naquela clinica há seis anos e já vira de tudo, absolutamente tudo, idosos com demência, psicóticos, esquizofrênicos, histéricas, bipolares, depressivos, e simplesmente loucos, muitos loucos, sem diagnóstico, sem perspectivas, sem parentes, sem nada, esquecidos, largados, abandonados. O que nunca vira foi alguém sair de lá e recompor sua vida, se tornar “normal”.

Será o hospício um meio ou um fim?


[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O paraíso



O paraíso


Ele achou que tinha encontrado o paraíso. Mas que grande bobagem, ÓBVIO que paraísos não existem exceto na cabeça dos fanáticos religiosos e crianças deslumbradas e iludidas com a vida...

Descobriu um pouco tarde que o paraíso não existia, mas pensando bem não era tão tarde assim.



[Mente Hiperativa]

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O diagnóstico





O diagnóstico


Ela falou tudo que já sabíamos, mas foi bastante duro ouvir aquilo, foi difícil ter confirmado as nossas certezas mais escondidas. No fim das contas nós tínhamos esperança, ainda que mínima e improvável, de que aquilo não fosse verdade. Queríamos acreditar que nossas certezas não passavam de desconfianças bobas, queríamos que ela dissesse: “que bobagem, vocês pensavam nisso? Não, é muito mais simples e menos grave”.


Mas esse era o nosso desejo, e não a realidade. Ela confirmou o diagnóstico sombrio que tanto temíamos mas no fundo tínhamos conhecimento. Não foi nenhuma surpresa, mas ainda assim foi chocante. A consulta acabou, mas o diagnóstico não era o fim, era apenas o começo de uma enorme e duradoura luta.



[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A natureza do mal



A natureza do mal


Só ele sabe o quanto luta diariamente contra sua natureza destrutiva, só ele sabe o quanto é difícil tentar não fazer mal às pessoas, o quanto é difícil lutar e lutar, em vão. Ele tem o sangue ruim correndo nas veias e sabe disso, pulsando dentro dele há uma ruindade latente que ele insiste em encobrir, que ele tenta a todo custo sufocar.


É difícil, é doloroso, mas ele tenta impedir que essa coisa ruim brote e vigore em seu ser. E apesar dos seus esforços ela sempre arruma uma maneira de se manifestar através de lapsos independentes da sua vontade, de uma forma ou de outra ele acaba fazendo o mal, queira ou não queira, acaba machucando, ofendendo, chateando, magoando as pessoas que lhe amam.

Será uma praga de família? Uma maldição? Genético ou fruto da (má) educação? Não há respostas para sua dúvida, só há uma certeza, ele é ruim, ruim, por mais que tente e se esforce pra ser o contrário. E na sua cabeça martela a dúvida todos os dias: ‘até quando eu vou agüentar? Até quando eu vou conseguir me desviar dessa “missão” ou desse “karma”?’

Ele olha ao redor, seus familiares parecem se orgulhar de ser do jeito que são, apenas ele tenta lutar com todas as forças pra não ser desse jeito, mas até quando conseguirá? Essa dúvida o aflige e tira o seu sono. Um dia ele pode acabar sucumbindo... E deixando o mal fluir em todas as suas atitudes.


Nota: Imagem em alusão ao filme "The Hamiltons", traduzido oficialmente para o português como "Anjos do mal".


[Mente Hiperativa]

domingo, 25 de dezembro de 2011

O pior dia da minha vida




O pior dia da minha vida


Talvez o pior dia da minha vida não seja o da minha morte.


Talvez o pior dia da minha vida seja um dia em que eu precise tomar uma decisão muito dura, machucar profundamente uma pessoa que muito amo, carregar o enorme e enfadonho peso de uma decisão, revelar segredos tão íntimos e bem guardados que eu jamais gostaria que saíssem à tona.


Talvez o pior dia da minha vida seja extremamente doloroso e frio, me deixe solitário, sem fome, sem sono, trêmulo, triste, deprimido, esgotado, tomando remédios compulsivamente, quem sabe até eu tente me machucar pra ver se a dor emocional cede lugar à dor física. É desesperador.


Talvez o pior dia da minha vida não seja o da minha morte. Talvez esse dia seja até um dia de alívio.

Talvez esse dia tão ruim um dia passe. Talvez traga bons - e inesperados - bons frutos, pelo menos assim eu desejo em algum lugar escondido da minha mente. Talvez seja um pesadelo sem fim que me atormentará o resto da vida e nunca mais me deixará ser eu mesmo, assim meu lado consciente pensa.


Não sei, só saberei amanhã.


[Mente Hiperativa]

sábado, 24 de dezembro de 2011

Papai noel vai à padaria



Papai noel vai à padaria


Acordou-se tarde, era véspera de natal, mas que diferença isso fazia na sua vida? Nenhuma. Talvez fizesse há alguns anos atrás quando era famoso, mas hoje em dia não, hoje em dia ele era um ‘zé ninguém’, um senhor aposentado qualquer e completo desconhecido. Todos no asilo sabiam o quanto era difícil pra ele se manter de pé e encarar o mundo nessa época do ano, por isso todos silenciavam.


Ele veio de longe, alguns dizem que foi da Polônia, outros dizem que foi do pólo norte. Alguns dizem ainda que ele não passa de uma invenção da coca-cola. Muitos são os mistérios que rondam a sua origem e as únicas certezas que prevaleceram dizem respeito ao seu bom-caráter e à sua honestidade. Essas marcas nem o tempo nem a falência, nem mesmo a tristeza dos seus olhos puderam apagar.


Hoje em dia ele era ‘nada’, ele se sentia um nada, um lixo, uma escória na sociedade. Os anos já foram mais áureos para aquele bom velhinho. Ele que sempre teve a fama de bondoso, recebia cartas e mais cartas no fim de ano, pedidos e mais pedidos de presentes enquanto hoje se encontrava plenamente desconectado do mundo, todos usavam facebook e email, enquanto ele parou no tempo e ainda esperava receber cartas escritas à mão. Tornara-se um pobre analfabeto digital, e mais do que isso tornara-se um excluído, um abandonado e completo marginalizado no mundo dito moderno. E aonde foi parar todo aquele bem-querer a ele destinado?


Num dia não muito distante ele era lembrado e aguardado por adultos e crianças, trabalhava o ano inteiro a favor delas, que penduravam meias na soleira da janela, fingiam dormir somente pra escutar suas pisadas pelo corredor ao deixar os presentes sob a árvore. Ele chora ao lembrar desse tempo. Onde está todo aquele carinho de que ele tanto precisa?


Papai noel agora não passa de um ilustre desconhecido que vive num asilo qualquer o qual teve a compaixão de hospedá-lo. As crianças hoje não precisam ser boas o ano inteiro para receberem um bom presente, seus pais podem dar-lhes ainda que sejam – e frequentemente são – mal-educadas e mal-comportadas. Eles precisam compensar sua ausência de alguma forma.


Além disso, o mundo perdeu seu encanto e fantasia, crianças não acreditam mais em papai noel, em coelho da páscoa ou fada do dente. Se você contar que na sua infância esperava ver qualquer um deles a criança ri na sua cara sem a menor cerimônia. A sociedade atual, racional e cientificista, não prevê a existência de criaturas encantadoras, não há espaço pra eles hoje em dia.


Desse modo a vida foi basante dura e aplicou um golpe fatal no bom velhinho, o capitalismo, selvagem e canibal, fez com que ele perdesse sua singela fábrica de brinquedos em algum canto isolado e frio do mundo. Ela fora penhorada pela justiça para arcar com as despesas empregatícias dos duendes, além de pagar outras dívidas com os fornecedores. E as renas foram resgatadas pelo greenpeace, visto que hoje em dia não se pode usar o tração animal, vivemos no mundo das máquinas, ora essa. A fábrica agora pertence a uma multinacional e tudo indica que a China tenha substituído perfeitamente o mercado consumidor de brinquedos do papai noel.


A historia é triste, mas o que pode fazer um velhinho indolente diante de um mundo tão perverso e cruel? Como ele pode sozinho reverter tanta incredulidade no coração das pessoas, até mesmo das pessoas mais puras que são as crianças?


Hoje é véspera de natal, e o papai noel não visita mais as casas das pessoas, não com o verdadeiro espírito de natal, aquele bondoso, caridoso, que remete ao nascimento de Jesus Cristo, à solidariedade, à união. Talvez ele esteja presente como uma figura meramente ilustrativa pousada na estante da sala ou sobre a mesa, em forma de um boneco ou emblema vazio de qualquer conteúdo. O natal tornou-se uma data meramente consumista e extremamente hipócrita, na qual as famílias se reúnem ao redor de uma mesa farta e não sabem nem o que estão celebrando.


Diante de tanto esquecimento, de tanta indiferença com o verdadeiro sentido do natal, papai noel veste seu casaco vermelho e vai à padaria comprar pão, completamente irreconhecível. Hoje ele não passa de um velho barbudo e rabugento que perambula pelas ruas sem ninguém abordá-lo. E só consegue sair de casa graças ao 'santo' prozac, o que seria dele sem o seu anti-depressivo... Com certeza estaria preso a uma cama admirando e contemplando o incrível teto do seu quarto no asilo.


Onde está o papai noel? Onde está o verdadeiro sentido do natal? O que estamos comemorando afinal na data de hoje?


[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O segredo do banco


O segredo do banco


Numa breve ligação eles combinaram o local e a hora do encontro, ele não podia ir até o esconderijo buscar a "encomenda", seria muito arriscado pra ele.

Sentou-se no banco da praça onde ela estava o aguardando, ela largou discretamente um pequeno pacote bem embalado e em seguida se levantou, foi embora sem pressa. Ele apanhou o pacote, olhou para os lados para ver se não estava sendo seguido ou observado, e foi embora também.


Ninguém viu nada. E assim mantiveram o segredo.



Amém.



[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Noite longa



Noite longa



A noite foi longa
E intensa

Uma profusão

De sentimentos

E sensações

Revelações

Descobertas

Conflitos

E frustrações



[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Abaixo a discórdia



Abaixo a discórdia


Tem gente que gosta de viver como animais, brigando, trocando ofensas, criando um clima difícil e inabitável dentro de casa. Eu não entendo isso, sinceramente não entendo. Como pode alguém 'querer' viver mal com os outros? Como pode se fechar num casulo e urticar todos que tentam tocar-lhe? Eu não entendo...


O que essas pessoas acham que estão plantando de bom para o seu futuro? Então elas não sabem que o amanhã se semeia no dia de hoje? Eu olho para suas vidas e vejo a aura escura da solidão, do mau-humor, do pessimismo, e quando tento alertar essas pessoas elas ficam com raiva de mim.



Eu imagino que a verdade lhes incomode, mas me incomoda vê-las perdendo tempo em lutar contra moinhos de vento quando na verdade poderiam estar vivendo bem e felizes. Eu tento, tento, tento fazer com que enxerguem a vida de outra maneira, com que estabeleçam laços ao invés de atirarem pedras aos que lhe rodeiam, tento fazer com que se sintam melhores e percebam o quanto amor estão desperdiçando e jogando fora, o quanto de tempo estão perdendo com essas atitudes imaturas e levianas.

Não adianta mais vestir a fantasia do coitadinho, não cola mais, cada um colhe o que plantou e se hoje a vida é tão dura e áspera com eles então porque não tentam ser mais generosos com ela ao invés de apenas reclamarem? Plantem sementes, ao invés de sabotarem a plantação do vizinho, falem palavras bonitas ao invés de apenas disseminarem o ódio vazio que carregam dentro si.



O mundo espera que você tenha uma atitude mais positiva e assim possa, por conta própria, sair da lama onde você finge ser feliz ao se chafurdar diariamente diante dos olhos dos outros. Levante e faça diferente.



[Mente Hiperativa]

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

QUEM SOU EU?



QUEM SOU EU?



Todos os dias me olho no espelho, me admiro, e me pergunto, quem é você? Quem sou eu?



Eu sou fruto de minhas escolhas ou sou fruto de um senso coletivo? Sou cabide de marcas de roupas ou sou o meu bem-estar e bom-gosto? Será que minhas condutas refletem o que eu sinto no mais íntimo do meu coração ou são meras respostas ao que esperam de mim? Quem sou eu, afinal?



Quem é você que vejo todos os dias refletido no espelho do meu banheiro? Será um ser pensante, dotado de gostos e idéias próprias, condutas e pensamentos ou será apenas um reprodutor de conceitos pré-concebidos que teme desapontar os seus 'iguais'?



Ah, como eu tento decifrá-lo, decifrar a mim mesmo... Todos os dias me olho no espelho, todos os dias converso comigo mesmo, troco idéias, me respondo questões pessoais, íntimas, e fujo de tantas outras. Mas ao fim do dia eu ainda não tenho a resposta à minha pergunta: Quem é aquele do espelho? Quem sou eu?

Todos os dias eu me faço em pedaços e me reconstruo inteiramente, todos os dias eu procuro me conhecer e avanço um pouco mais, ora pra frente, ora pra trás. Às vezes recuo de medo com o que encontro, outras vezes apenas me surpreendo. Como posso dormir toda noite comigo mesmo e no entanto não me conhecer? Como posso esconder tantas coisas de mim mesmo? Onde ficam guardadas essas informações tão preciosas? Quando vou me conhecer?


A busca pelo auto-conhecimento me parece eterna, sinto-a diariamente percorrendo meu 'eu', é preciso muito empenho, é uma luta sem fim, porém jamais infrutífera. A pergunta é sempre a mesma, as descobertas nunca cessam nem nunca irão cessar.



Eu vivo e isso basta, mas saber quem eu sou, ah, é querer saber demais. Eu receio que nunca terei a resposta dessa pergunta, nunca saberei por inteiro quem realmente sou, mas nem por isso deixarei de me perguntar todos os dias diante do espelho: Quem sou eu, afinal?



[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Bem acompanhado


Bem acompanhado

Aquele dia foi tão bom, saímos pra passear no shopping, almoçamos juntos, compramos roupas para o fim do ano e também calçados. Depois pensamos em assistir algum filme no cinema, mas não tinha filme legal em cartaz. Passamos horas na livraria, lemos alguns e escolhemos três pra comprar. Depois andamos pela praça do marco zero, curtimos o silêncio do vento e contemplamos os navios que passavam longe no horizonte, vimos as crianças correndo e o vendedor de picolé com seu carrinho, visitamos a exposição de quadros, saímos pela rua sem destino... E, enfim, fomos pra casa.

Foi um ótimo passeio, uma ótima companhia, apesar de eu estar sozinho. Aprendi a curtir a minha própria companhia, e como ela é boa.

Nota: Porque as pessoas têm tanto problema em saírem sozinhas? É tão estranho assim???

[Mente Hiperativa]

domingo, 18 de dezembro de 2011

Eulália





Eulália


Ah, ele já estava desiludido com as mulheres, vivia há muito tempo no limiar da dor, sofrendo, e a cada tentativa em vão afundava ainda mais no poço das angústias. Até que um dia ele resolveu desistir, cansou de buscar o amor, se entregou à certeza de que viveria pra sempre sozinho e que o casamento, ou namoro, ou qualquer coisa do gênero, seriam impossíveis e irrealizáveis pra ele.


Muitos já haviam lhe dito que um dia ‘quando ele menos esperasse’ o amor bateria à porta e ele encontraria a mulher dos seus sonhos, perfeita. Porém ele jamais acreditou nisso. A vida sempre foi dura com esse jovem apaixonado, de modo que inúmeras vezes ele quebrou a cara, acumulou sucessivas mágoas, teve que expurgar expectativas, sofreu e sentiu dor até se tornar bastante incrédulo o suficiente com relação ao amor. Eis que um dia...


Era um sábado qualquer, Fernando tinha acordado às 11hs da manhã como de costume e por isso nem tomara café, indo direto ao almoço. Depois deixou uma montanha de louça suja na pia igualmente imunda e deitou-se na cama com o seu bom e velho companheiro, o computador. Navegou por algum tempo, checou os emails e as redes sociais até que num email despretensioso de uma loja ele viu a foto daquela que viria a ser a mulher perfeita pra ele. Ela logo lhe chamou a atenção e ele teve a certeza de que ela tomaria conta do seu coração sofrido e machucado, dilacerado, fibrosado, cansado de tanto sentir dor.


Aquela loira fenomenal, dona de belos olhos azuis, 170m, bem acinturada, seios fartos... Eulália era o seu nome. Ele não hesitou em conhecê-la, pegou o endereço no site e foi direto ao seu encontro, voltando pra casa apaixonado com sua amada nos braços. E nunca mais a deixou ir embora.


Eulália era a mulher perfeita, não reclamava, não brigava, não cobrava nem discutia, não engordava, não engravidava, não tinha TPM e nem se importava com a louça suja em cima da pia, acumulada ao longo de uma semana. Eulália estava sempre de braços abertos à espera do seu amado, seja para uma noite de amor ou apenas para dormir agarrado.


Com o peito exposto e repleto de feridas abertas, enfim o Fernando encontrou um amor recíproco, a essa altura do campeonato Eulália era tudo o que ele esperava encontrar pra ser feliz.


Seu único medo era que ela não agüentasse o tanto de amor que ele tinha pra dar a ela e assim explodisse. Mas nisso ele tinha cuidado.




[Mente Hipertiva]

sábado, 17 de dezembro de 2011

Efemeridade



Efemeridade



Assim é o mundo pós-moderno:


Rápido, intenso, pronto, acabou.



[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A grama dos problemas



A grama dos problemas



Às vezes eu passo o tempo apenas olhando a grama crescer lá embaixo, fico na janela, tranquilo, sereno, apenas observando o que brota do solo encharcado e fértil das minhas idéias. Mas um dia eu crio coragem e desço lá, corto tudo.


Hoje acordei disposto, não tem tempo ruim nem preguiça que me impeçam de fazer o que eu quero. Hoje eu faço um estrago naquele jardim, passo a máquina, passo a tesoura, desmato tudo, quero ver a cor da terra no chão. Quero tudo limpo e bonito no território dos meus pensamentos.



Mas eu sei que não vai tardar para que a grama verde dos problemas logo cresça novamente. É sempre assim, por mais que eu faça a poda ela sempre se renova, viçosa, até eu criar coragem de apará-la novamente. Enquanto isso fico aqui da janela apenas observando seu crescimento, quero ver até onde ela vai.



[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Deixa o vento entrar



Deixa o vento entrar


Quisera eu que as janelas da tua mente fossem todas abertas pra mim, porta, cortina, piso, lâmpada e luze, tudo contínuo, conectado, ligado. Eu ia me ligar a você. O vento da minhas idéias ia penetrar pela tua porta, pelas tuas janelas, ia cobrir todo teu chão, tomar tua cortina, e encher o espaço da tua mente. Nós íamos pertencer um ao outro, e eu ia tomar conta de você.


Ah, quisera eu que você estivesse aberta pra mim, pra o meu vento... Eu ia tomar conta de você.



[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Por mares nunca dantes navegados


Por mares nunca dantes navegados

Me disseram que no amor as pessoas precisam ser diferentes pra poder dar certo, afinal duas peças de quebra-cabeça que se encaixam tem que ter formatos diferentes de modo que não se encaixariam se fossem idênticas.

Concordo que num relacionamento muito se aprende com os novos gostos do 'outro', ocorre uma verdadeira revolução em nós, conhecemos um novo mundo, assimilamos um pouco dele, rejeitamos um outro tanto, e assim nos remodelamos, crescemos, evoluímos. E que evolução teríamos se fôssemos os dois iguais?

Mas até que ponto estamos dispostos a encarar uma nova realidade, novas maneiras, novos hábitos? Até que ponto nos deliciamos com essa antropofagia mental?

Às vezes mundos muito distantes podem ser fascinantes, mas a aproximação pode não ser tão real quanto fora idealizada. O choque às vezes é grande e nem sempre estamos dispostos a conhecer aquilo que destoa bastante do nosso cotidiano, que foge muito à nossa compreensão.

Além disso, como disse o filósofo:" Cada cabeça é um mundo". E cada mundo tem seus medos e seus portos seguros... Quem se arrisca a abandonar completamente seu cais e se aventurar nos perigos do alto-mar? E ainda mais sem bote salva-vidas?

É preciso avaliar bem antes de se aventurar pelo mar adentro, é preciso estar decidido pela viagem, afinal não se pode navegar ancorado. Talvez seja melhor - ou pelo menos mais prudente - permanecer atracado ao porto, ainda que o porto não seja tudo que a gente quer e precisa.

É sempre perigoso navegar por mares desconhecidos...

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sobre dúvidas e certezas



Sobre dúvidas e certezas



Ontem dormi cheio de dúvidas
Sonhei com o óbvio ululante...
E então acordei cheio de certezas


[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Náufrago



Náufrago



Escrever é como lançar uma garrafa na imensidão azul do mar, você nunca saberá a distância que sua mensagem pode alcançar, nunca terá a certeza de que ela será encontrada e lida; além disso, poucos vão entender que se trata de um pedido de ajuda ou terão o mínimo de boa vontade suficiente para atendê-lo.



.

.

.



Mesmo assim eu ainda insisto em lançar minhas garrafas ao mar.



[Mente Hiperativa]

domingo, 11 de dezembro de 2011

Meu problema



Meu problema



O meu problema é pensar demais, me questionar demais, pensar nas inúmeras implicações que uma decisão pode tomar, imaginar os possíveis caminhos, divagar...


Talvez se eu simplesmente agisse, sem me importar tanto com as coisas e com as pessoas, talvez fosse tudo mais fácil.



Mas eu não consigo.




[Mente Hiperativa]

sábado, 10 de dezembro de 2011

O silêncio



O silêncio



Quando o silêncio de repente chega
E se abarca em meio a nós dois

É a cumplicidade que nos mostra
O quanto precisamos nos conhecer



[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O que esperar do amor?


O que esperar do amor?

Há quem pense que o amor se dá na base da troca: eu te dou carinho e tu me dá compreensão, eu te dou afeto e tu me dá atenção. E se um der e não receber de volta, não é amor? Amor exige retribuição? Ou é sincero e espontâneo, o amor?

O amor de quem ama sozinho é amor? Existe amor unilateral?

E para os que amam demais? E para os que dizem amar pelos dois, é amor?

O amor é conquista, de espaço, de cumplicidade, de reciprocidade, de confiança ou é exigência e toma-lá-dá-cá?

O que eu posso esperar do amor?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Rádio velho



Rádio velho



Lá vem ela de novo, alugar meus ouvidos, pobres ouvidos que já não aguentam mais ouvir tanta lamentação, tantos problemas, tanto 'blábláblá', parece até um rádio velho, chiando o tempo todo. Será que não sai uma palavra boa dessa boca? Será que não há sequer um motivo pra agradecer ou pra comemorar? Ah, a vida não pode ser assim tão ruim e injusta assim...



Eu já estou cansado desse mosquito zumbindo no meu ouvido, sempre cheio de reclamações, sempre mobilizando essa energia ruim, sempre com os mesmos problemas, eternizados num ciclo vicioso que ela mesma faz questão de alimentar. Por que não resolve os problemas? Parece até que gosta de viver assim, a reclamar da vida. Será que pode alguém gostar de viver assim?



Eu já ouvi, já lamentei junto, já achei que ela fosse injustiçada, sofrida, coitada, mas hoje eu vejo que não é bem assim. Eu já orientei ela, sugeri, ensinei, ajudei e ela o que fez? Fez alguma coisa pra mudar isso tudo? Tentou lutar pra resolver os problemas e assim parar de reclamar da vida?



Não, não fez nada.



Eu cansei dessa conversa toda, sempre a mesma coisa, o mesmo papo chato e renitente. Meus ouvidos estão cansados desse "zumzumzum", cansados de escutar sempre as mesmas queixas e não ver nenhuma atitude, nenhuma postura. Eu não sou psicanalista pra ficar ouvindo problemas sem fim. Eu já tentei ajudar, mas pra quem não quer ajuda não existe ajuda certa.



A minha conclusão é que ela alimenta os problemas, nutre-os no dia-a-dia, pra poder interpretar o papel da injustiçada, papel cômodo esse, que não exige muita atitude afinal a culpa é sempre dos outros e nunca sua. Assumindo esse papel você se vê livre de qualquer obrigação, de qualquer culpa, não precisa lutar, não precisa fazer nada.



Sinceramente eu cansei disso tudo, cansei, eu quero ouvir coisas boas, que me levem pra frente, que me tragam alto-astral, não quero perto de mim energia ruim que me sugue. Se ao menos fosse uma fase, se eu pudesse ajudá-la a sair dessa e tudo ficasse bem. Mas não é o caso, parece que ela aprendeu a viver assim, se adaptou, se acomodou.



E quando eu reclamo ainda acha ruim, eu sou o ruim da história.



[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Brigas que levam do nada a lugar algum




Brigas que levam do nada a lugar algum





Não adianta tentar me pedir pra tomar partido, não adianta me colocar numa situção difícil ou tentar me pressionar, eu não vou tomar partido. Eu não vou tomar o SEU partido nessa briga.


A briga é sua, somente sua, e eu não tenho absolutamente nada a ver com ela. Além disso eu não compro inimizades, vai contra os meus princípios morais. Por isso não me peça ou espere que eu vá me inimizar de pessoas que nunca me fizeram mal algum, não vou tomá-las como inimigos somente porque você as encara assim.





Portanto não adianta pedir ou exigir de mim que eu entre numa briga que é só sua, numa disputa tão idiota como essa, que não tem vencedores nem vencidos, apenas duas partes que se enfraquecem e perdem tempo nessa vida, ao invés de se unirem seja pelos laços de sangue ou pelos de convivência.





Eu já disse, estou fora dessa. E te aconselho a refletir sobre o que você constrói com isso tudo. Olhe ao seu redor, o que cativas assim? Lembre-se que os frutos de amanhã estão sendo plantados hoje.





[Mente Hiperativa]

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Você e eu, o que será?




Você e eu, o que será?


Você tão mente aberta

E eu tão "verdinho"

Você puro desejo

Eu cheio de medo

Você me chamando

Eu pensando se vou

Você e eu

O que será que vai dar?



[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

De volta do fundo do poço




De volta do fundo do poço



E parece que quando você chega ao fundo do poço nada mais te causa medo na vida. Quando você consegue sair do fundo do poço e alcançar os raios do sol, nenhum problema mais parece ser intransponível. E agora eu sou super-homem, sou forte, sou guerreiro, eu que sei o que tem lá embaixo faço de tudo pra não cair novamente, faço o possível e o impossível. Eu voltei forte!




[Mente Hiperativa]

domingo, 4 de dezembro de 2011

O ourives


O ourives



Ele escreve poemas como quem trabalha o ouro, de forma artesanal. Cheio de cautela e esmero, ele produz jóias valiosas e belas, refinadas, com capricho e minúcia de detalhes, com riqueza de valores. Seus poemas são assim cravejados de sentimentos, regados de suor, modelados à marteladas, as quais aliviam a dor do seu coração sofredor.


Nota: Convido todos a conhecer o blog do ourives Fernando: http://fernandohpf.blogspot.com/




[Mente Hiperativa]

sábado, 3 de dezembro de 2011

A dor de partir



A dor de partir



Não pense que foi fácil pra mim ter aquela conversa. Foi triste, foi difícil ver seus olhos me pedindo pra ficar, embora sua boca não manifestasse uma palavra sequer. Eu juntei as minhas coisas, e percebi como tenho quase nada nessa vida, poucas caixas foram necessárias. Mas eu preciso ir, não me olhe assim ou tornará as coisas ainda mais difíceis.


Lembro que um dia desses nós discutimos e depois, de cabeça fria, resolvemos que seria melhor assim, cada um pra o seu lado. Algum tempo passou, mas parece que você desacreditou que eu tivesse coragem de ir ou talvez você tenha pensado que aquelas palavras duras eu havia esquecido, mas doeram quando bateram na minha cara. Quem fala pode até esquecer, mas quem ouve... Não esquece, não.



Sendo assim eu estou indo embora com a consciência tranquila, não me sinto expulso muito menos te abandonando. Penso até que essa separação possa nos trazer alguma melhora na qualidade da nossa relação, tem gente que se dá melhor assim, à distância. E isso não é de se admirar visto que o cotidiano destrói qualquer relação, gera atritos, é difícil, sobretudo com pessoas como nós.



Espero sinceramente que você pense na vida, nas escolhas que fez, nos caminhos que optou por seguir. Pois nossa vida é consequência de nossas escolhas, de nossa postura diante dela, não se iluda achando que alguém pode afetar ou prejudicar a vida alheia, ou que sua vida é assim ou assado por conta de uma outra pessoa. Cada um faz a própria vida. Espero também que retome seus projetos, eternamente verbalizados, mas que nunca saíram do papel.



Até mais.



[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Promessas de fim de ano




Promessas de fim de ano



Todo fim de ano carrega consigo aquela pressão por novas promessas, desejos na maioria das vezes proferidos da boca pra fora, palavras vazias de comprometimento, ocas, que saem desavisadamente e ecoam rumo ao infinito sem nunca se concretizarem. São profecias carentes de qualquer compromisso com o futuro que muitas vezes servem apenas pra aliviar um possível peso na consciência, ou somente pra satisfazer uma pressão social diante do "clima de renovação" de fim-de-ano.



Este ano não vou me encher de promessas virtuais, quero apenas agradecer pelo ano que passou, cheio de equilíbrio, agradecer porque depois de um 2010 bastante conturbado eu tive paz de espírito em 2011, eu me encontrei e realinhei meu eixo. Quero agradecer pelas minhas conquistas pessoais, pela batalha de cada dia que encarei e venci, com orgulho, pela ajuda dos amigos, pelo amor que recebi. Da minha luta eu que sei, o desafio do dia-a-dia, os pequenos obstáculos, que parecem enormes e intransponíveis até que sejam ultrapassados.



Não quero prometer nada, só quero agradecer pelo ano de 2011, e pedir o apoio espiritual de sempre, o amor de sempre, a força de sempre, o que vier - com esses três - eu posso enfrentar em 2012.



[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A vida é boa,curta



A vida é boa,curta



Tem gente que ainda pensa que a vida é curta... De fato pode até parecer curta pra quem vive de trabalho e não pára o relógio, não se presenteia com alguns minutos de descanso, não se permite um simples passeio pelo parque.


A vida é uma sucessão de pequenos momentos, mas quem não dispõe de tempo pra si mesmo não enxerga o valor das coisas simples, não percebe as carícias do vento em seu rosto, não se diverte ao ver as crianças brincando no parque, não sente a areia da praia massageando-lhe os pés, não acompanha o desabrochar de uma flor, nem pode admirar o canto de um pássaro pousado num galho qualquer. O mundo ao seu redor está cheio de coisas assim, simples e belas, que enchem a vida de sentido, mas se você não tem tempo pra elas...

...Então tudo pode parecer chato, breve e sem sentido algum.



Por isso abandone, ainda que somente por alguns minutos, essa lógica maluca de trabalho-estudos-obrigações que nos forçamos a viver diariamente, esqueça às vezes esse ritmo alucinado que não nos permite alguns instantes de contemplação do simples, do descanso da mente, do amor à vida. Faz bem!



[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Felicidade




Felicidade



Apesar de tudo eu sigo feliz, os problemas parecem tão pequenos diante de todo o resto.



[Mente Hiperativa]

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cada escolha uma renúncia



Cada escolha uma renúncia



Toda escolha implica, necessariamente, numa renúncia. É sempre assim, e sempre será.


Na vida todos os dias nos deparamos com um emaranhado de oportunidades, caminhos que se cruzam, se bifurcam, ou até mesmo se subdividem em várias opções que nos obrigam a seguir apenas uma delas. Às vezes podemos nos dar ao luxo de adiar nossas decisões ou até mesmo optar pelo comodismo de não mudar nossa rota e com isso não precisar fazer escolhas, apenas negar os outros caminhos ricos em oportunidades e medos. Na maioria das vezes, porém, não há como fugir das escolhas.



Às vezes penso no porquê de sentirmos dificuldade na hora de tomar uma decisão, e dentre tantos motivos tenho forças pra crer que o maior desafio seja abandonar a zona de conforto em que vivemos, recheada de problemas já conhecidos, e nos desafiarmos a novos problemas, a uma nova rotina até então obscura. Afinal o novo assusta.



Eu já fiz muitas escolhas, muitas delas bastante sérias, que mudaram ou decidiram o rumo que eu ia tomar na vida, e claro que foi muito difícil. Recentemente tomei uma decisão que sabia que não seria fácil sustentar, sabia que estava me jogando num mar de incertezas, num território minado em que eu não teria mapa algum em mãos. Eu poderia ter optado por não precisar enfrentar meus medos, poderia ter ficado onde estava, no conforto dos problemas que eu já conhecia e mesmo sem saber resolvê-los plenamente tinha algum domínio sobre eles, sabia pelo menos como lidar com eles.



Entretanto eu me desafiei e preferi o NOVO, novos desafios, novos problemas, novas tristezas, sim, mas também novas glórias, novas alegrias, novos méritos. Não é fácil mudar de vida, dar uma guinada, contrariar pessoas que amamos, diria até magoá-las, de certa forma. Mas se eu senti necessidade, se percebi que era preciso e, sobretudo, se a minha coragem foi maior que meu medo, é porque de fato eu precisava dessa mudança.



Eu resolvi sair da confortável cadeira em que estava sentado observando a rotina passar na minha frente, sempre repetitiva e previsível, e me levantei para andar pela pista sem saber ao certo o que poderia encontrar. Mas sigo com a esperança de que seja a melhor escolha e a certeza de que novos desafios virão pela frente.



[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ritual



Ritual



Depois de uma noite de farra, no dia seguinte
Me acordo e tomo logo um banho longo e frio
É pré-requisito pra recuperar minha dignidade


[Mente Hiperativa]

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A esperança vive!



A esperança vive!


A dor de um corpo que não é meramente física.
Um sofrimento que é quase sobre-humano.

A rotina que se repete incessante, dura e cruel.

Privação, solidão, tédio, angústia, incerteza. Medo.



Mas há sempre uma esperança, imortal esperança.



[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O falo


O falo

Não é sinônimo de órgão sexual masculino, o falo

Ele não é anatômico, não é palpável, não tem vida

É como o cajado que guia ou castiga as ovelhas do pastor

Ou o cetro autoritário dos reis, ou mágico dos curandeiros

É como a força e a bravura da espada do guerreiro

Como a batuta do maestro que rege a orquestra

Ou a colher de pau do cheff a preparar deliciosos pratos

Semelhante ao apontador do mestre, transmissor de conhecimento

Ou à varinha do feiticeiro que brinca com a realidade e a magia

É como um dedo em riste, impositivo, impiedoso

Ou um salto alto, sensual, doloroso, mas atraente

O falo não se adquire, não se perde, nem nunca se possui

Não passa de uma invenção humana e inapreensível.

[Mente Hiperativa]

domingo, 13 de novembro de 2011

Convite?


Convite?

Ela me chamou
E eu não pude resistir
Foi embora para seu quarto
E deixou a porta entreaberta
Olhou pra trás
Seria um convite?
Deveria eu recusar?

Ela me chamou
Não com a boca em palavras
Mas com o olhar dissimulado
Que não mais me enganava
Eu sei o que queriam
Era um convite sim
E eu não recusei

[Mente Hiperativa]

sábado, 12 de novembro de 2011

Incondicional

Incondicional
Eu não ligaria se por acaso você tivesse uma má aparência. Não me importo com que os outros possam pensar a nosso respeito. E nem dou importância pra o que dizem às más-línguas. Meu sentimento é assim: incondicional. Nota: Imagem em referência ao Fantástico filme "A cura".

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Um encontro


Um encontro

Ele quis um mc fish com fritas, ela apenas coca-cola. Ele destruia a tampa do copo com as mãos, ela fazia movimentos repetitivos e circulares com o canudo dentro do copo. Ele estava nervoso, ela mais ainda. Eram dois estranhos, tão conhecidos, cheios de medos e receios, impressões e expectativas.

Era pra ser apenas uma diversão, mas então por quê tanto medo?

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Eu quero um lar


Eu quero um lar

Eu não quero uma casa, eu quero um lar
Paredes que me abraçem quando eu chegar
Sofás grandes e agradáveis de sentar
Quadros coloridos, bonitos de se admirar
Comida gostosa, cheirosa, pra eu me alimentar
Uma cama confortável pronta pra eu cochilar
Lençóis estirados ou amassados, tanto faz, dá pra relaxar
Muita luz pra o meu pensamento se iluminar
Plantas, verde, vida, clorofila ao ambiente perfumar
Quero uma vida nova, gente pra eu poder amar
Não precisa ser casa grande, do tamanho que eu ocupar
Que caiba minha felicidade a qual não aguento mais sufocar

Quem disse que eu quero uma casa? Eu quero um lar!

[Mente Hiperativa]

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Dia do "Grrr"


Dia do "Grrr"

No dia do "Grrr" a esposa traida resolveu se vingar do marido, e pôs laxante na sua sopa, servindo-o delicadamente na hora do jantar. As crianças não ouviam nem obedeciam os pais, abandonaram os estudos e só queriam saber de brincar. O cachorro, cheio de raiva, mordeu o dono, cansou de tanto ser maltratado.

Ao saber que era o dia do "Grrr" a empregada gritou com a patroa, chamou-a de perua e tudo mais, sentiu-se aliviada depois. A patroa por sua vez gritou com a filha, descarregando frustrações que nem sabia que tinha, pois a vida perua esvaziara aos poucos sua cabeça.

O rei, no dia do "Grrr", cansou de ser rei, cansou de ordenar o exército, de ter um nome a zelar, de ter inúmeros traíras à mesa, largou a coroa e foi passear; deixou o castelo, deixou a rainha, deixou as jóias e o prestígio, queria apenas relaxar.

No dia do "Grrr" o padre dançou, a freira se maquiou, e tudo parecia desandar. Cansados da vida que levavam todos resolveram mudar, colocando pra fora todo aquele incômodo. O nerd, no dia do "Grrr", queimou os livros e fez uma fogueira linda na porta de casa. O rico rendeu-se ao churrasco na lage e até se divertiu, coisa que há muito tempo não acontecia.

O céu se carregou de chuva, os rios trabalharam demais, se encheram, e no dia do "Grrr" transbordaram pela cidade. Os carros cansados de correr, se deixaram levar pelas águas. As árvores trocavam de lugar, aproveitavam o descuido do tempo, a confusão, e soltaram seu "Grrr" também.

Era o dia do "Grrr" e cada um se expressava de uma forma, colocando pra fora a raiva, o que estava guardado e fazia mal. Até mesmo as estátuas se alongavam, no meio da praça, como se fossem atletas se aquecendo para o treino. Era duro ficar parado tanto tempo na mesma posição.

Todos tiveram sua oportunidade, e a noite estava se aproximando, as nuvens correram com pressa. O sol se foi devagar, e a lua tomou seu lugar. O dia estava acabando, o dia do "Grrr". Amanhã tudo retornaria ao seu devido lugar, cada árvore, cada palavra dita, e toda a raiva e revolta seria guardada novamente, engolida e fechada, até outra oportunidade surgir. E tudo desandar novamente.

[Mente Hiperativa]

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Onde está Deus?


Onde está Deus?

Outro dia eu estava bastante perdido e então resolvi procurar a ajuda de Deus. Vi num carro o adesivo 'propriedade exclusiva do senhor' e fui falar com o motorista que pela lógica deveria ser o próprio Deus, ou no máximo alguém bastante próximo dele que tomou o veículo emprestado. Porém a abordagem foi bastante infeliz, o motorista nada amistoso me deu uma bronca e arrancou veloz, me deixou falando sozinho.

Noutro carro eu vi o símbolo de uma conhecida igreja, pensei que dessa vez eu teria mais sorte e fui falar com o proprietário. Eu ia perguntar a ele onde poderia me encontrar com Deus, diria ainda que preciso de sua ajuda. Quando me aproximei percebi que ele estava bastante ocupado discutindo no trânsito, havia ultrapassado o sinal vermelho e ainda assim usava palavras de baixo escalão e gestos obcenos contra um pedestre que atravessou na sua frente. E quando o guarda lhe abordou ele ofereceu propina. De repente desisti, achei que ele não saberia me dizer onde me encontrar com Deus.

Saí pelas ruas observando o alto, procurando Deus nas cruzes, crucifixos, encontrei pessoas que usavam terços, medalhinhas, camisas estampadas com Nossa Senhora, fotos de Jesus em cadernos, mas ninguém me ajudou. Recebi até um panfleto com a palavra de Deus e parei pra escutar o que essa pessoa tinha a me dizer, ele repetiu salmos e citações bíblicas, palavras bonitas, mas não me ajudou. Ele quis me converter, me cobrou privações, me cobrou contribuição financeira, me cobrou promessas, me pediu isso e aquilo, mas não ouviu os meus pedidos.

Lembrei de quando eu era menino e minha professora de religião dissera que a igreja era a casa de Deus, resolvi então procurá-lo diretamente em sua casa. Procurei algumas igrejas, assisti diversos cultos/missas, recebi abraços e apertos de mão, panfletos, ouvi belíssimas mensagens de solidariedade e amor ao próximo. E no fim vi passar cestinhas e caixinhas pedindo dinheiro. Embora eu não tenha falado diretamente com Deus, depois desses encontros eu me senti um pouco mais aliviado em meu sofrimento.

Tudo parecia caminhar bem até acabar o culto/missa. Lá fora inevitavelmente sempre havia pessoas humildes na calçada, pedindo ajuda, e me partiu o coração ver os fiéis deixarem a igreja direto para seus carrões importados, negando o pão a quem tem fome, negando o cobertor a quem tem frio. E então eu me perguntei: de que adianta frequentar o culto/missa se não colocarmos em prática os ensinamentos de Deus ali ensinados?

O dia chegava ao fim e eu não tivera êxito no meu encontro com Deus, nem mesmo em sua casa eu pude senti-lo plenamente e já estava conformado que não iria encontrá-lo. Passei diante de uma banca de revista e li a seguinte frase numa de suas paredes: 'o Senhor é meu pastor e nada me faltará'. Esse sim me pareceu verdadeiramente íntimo de Deus, fui falar com ele, que estava fechando a banca, e quando eu disse que não ia comprar nada, que só queria um conforto, ele me despachou e disse que não tinha tempo pra conversa fiada. Olhei novamente para a frase da parede: faltou amor ao próximo, altruísmo, solidariedade.

Esse dia vivi uma experiência reveladora, aprendi que não basta frequentar e conhecer a religião, é preciso colocar em prática suas lições, aprendi também que adesivos, mensagens e imagens não significam absolutamente nada, não querem dizer que a pessoa seja mais cristã que a outra, mais devota ou religiosa do que outra que não estampa em si as palavras ou imagem de Deus.

Sem ter conseguido encontrar Deus na minha incessante busca eu fui à praia, já era noite e ela me recebeu de braços abertos. O vento acariciou o meu rosto, a areia massageou os meus pés. E a água lavou minha alma. Nesse momento fechei os olhos e reconheci que Deus não estava preso num pedaço de madeira, nem impresso numa frase qualquer, não estava na igreja, nem dirigindo um carro, Deus não estava longe, Deus estava o tempo todo dentro de mim, tão perto, e eu perdendo tempo em procurá-lo tão longe.

Assim, eu que estava perdido, acabei me encontrando com Deus.

[Mente Hiperativa]

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Psicologia


Psicologia

Há sempre dois caminhos:

Ou você encara de frente os seus problemas
E sofre,
E aprende,
E amadurece

Ou cria mecanismos para driblar os desafios
E foge,
E pára,
E não cresce

A vida é sinônimo de sofrer
E se for pra sofrer
Que sofra pra aprender
E evoluir
E não repetir
Os mesmos erros

Não crie mecanismos


[Mente Hiperativa]

domingo, 6 de novembro de 2011

Inércia


Inércia

Café sem cafeína
Cerveja sem álcool
Casamento sem amor
Filhos sem cumplicidade
Natal sem Cristianismo
Presente sem afeto
Dinheiro sem boa-causa

Vivemos por inércia
Sem acreditar nas coisas
Mantendo apenas a tradição
Criamos algumas fantasias
E dissociamos da realidade
Traimos nossas convicções
Em nome da comodidade

[Mente Hiperativa]

sábado, 5 de novembro de 2011

Como tudo começou


Como tudo começou

Os olhos se olharam
Tristonhos
Sorriram
E piscaram
Se abraçaram

Os braços correram
Os corpos
Se cruzaram
Se encontraram
Cansados

As bocas molhadas
Falavam
E beijavam
Comiam
E grunhiam

Os corpos sedentos
Se amavam
Se entregavam
Suados
Sofridos

[Mente Hiperativa]

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Já se foi o tempo das Amélias


Já se foi o tempo das Amélias

Já se foi o tempo das Amélias...

Que Cuidavam com zelo da casa e da família
Levavam o marido embora até a porta
E se arrumavam pra ficar bonitas só pra ele

Já se foi o tempo das Amélias...

Que esperavam o marido chegar do trabalho
Abriam o portão para ele entrar com o carro
E lhe serviam uma comida quentinha à mesa

Já se foi o tempo das Amélias...

Que educavam tão bem os próprios filhos
Acompanhando-os todos os dias, o dia todo
Sem precisar de babá ou psicóloga

Já se foi o tempo das Amélias...

Que não precisavam usar microondas
Nem comida pré-pronta ou disk-entrega
A comida era caseira, temperada com amor

Já se foi o tempo das Amélias...

Que tinham tempo para seu marido e filhos
Não usavam mil cremes, entretanto eram lindas
O amor era verdadeiro e superava tudo

Sorte teve o meu avô!

Nota: Quem me conhece e/ou me segue aqui no MH sabe que não sou chauvinista, o tom que quis dar ao texto foi de nostalgia e jamais de machismo. Espero que eu tenha conseguido passar a impressão correta, e caso isso não tenha acontecido espero que me entendam.

[Mente Hiperativa]

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Casual



Casual

Foi um lance de pele
De carne e de osso
Dominado pela lascívia
Corpo e corpo

Foi uma pegada
Um forte desejo
Atração incontrolável
Coito e coito

Tinha visgo
Tinha suor
Salgado
Molhado

Sede
Tinha libido
Tinha hormônio
Efêmero
Intenso

Hálito


[Mente Hiperativa]