domingo, 9 de outubro de 2011

De fígado e pâncreas


De fígado e pâncreas

Hoje foi mais uma longa noite de estudo, que se adentrou pela madrugada. Vou dormir algumas poucas horas pois o dia começa cedo, e certamente vou sonhar com um pâncreas inflamado, edemaciado, hemorrágico e necrosado, com ductos obstruídos por concreções calcificadas.

E também com um fígado aumentado, avermelhado, com esteatose, apoptose, fibrose, congestão, estrias hemorrágicas, degeneração e acúmulo intracelular.

Foi o que eu estudei essa noite, dois órgãos, e algumas doenças. A medicina cuida da saúde das pessoas, mas devido à sistematização do ensino, na faculdade de medicina se estuda muitas doenças, as partes do corpo separadas, órgãos doente, partes, partes e partes. E na vida prática, na vida profissional, precisamos lembrar que não encontraremos apenas órgãos doentes, mas sim sim seres humanos doentes. E há uma grande difeença nisso.

Nos hospitais, ambulatórios, enfermarias, emergências eu jamais vou encontrar um [pâncreas] ou um [fígado] isoladamente doente, mas sim uma pessoa com um [pâncreas] ou um [fígado] doente. E então eu me lembro que desde o primeiro período estudamos os ossos e os sistemas em corpos sem vida e, a todo o tempo, eu procurava me lembrar que "aquilo" era parte constituinte de um corpo, que um dia teve vida. Parece bobagem, mas se você não procurar se lembrar disso o tempo todo você acaba se esquecendo e tratando somente de um órgão quando na verdade ali adoece uma pessoa.

E se não pensarmos assim jamais seremos médicos talvez, no máximo, açougueiros.


[Mente Hiperativa]

2 comentários:

  1. Oi,MH!Adoro tuas reflexões se tivessemos mais médicos e pessoas preocupadas com o conjunto e não só com as partes com certeza teríamos menos gente doente.
    Um ótimo domingo!
    Bons estudos!
    Beijossss

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  2. Realemente, e de médicos açogueiros o BRASIL está cheio. Pena que são poucos que saem da faculdade pensando assim, a maioria se acham deuses ; mas sao incapazes de ver a pessoa em sua totalidade, ainda permanecem vendo orgãos doentes, pedaços de gente. Pois o ser por inteiro, em sua singularidade, eles jamais alcançarão.

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