quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O sexo e o resgate do amor pleno da infância



O sexo e o resgate do amor pleno da infância


O sexo é a tentativa de retorno às vivências da infância, fase na qual somos apresentados bem de perto ao amor incondicional e à aceitação plena.

Durante a infância temos a certeza de que somos amados - e muito amados - pelas pessoas que nos cercam; essa é provavelmente a fase mais feliz na vida de uma pessoa. Note que ninguém tem receio de tocar uma criança, ao contrário, elas despertam em nós um desejo irresistível de enchê-las de beijos, abraços, carícias e cuidados. Não temos nojo de suas secreções nem do seu cheiro, pois nada nela parece sujo ou proibido, tocamos sua pele e colocamo-la em contato direto com a nossa, ela anda nua pela casa sem problema algum. E não importa se a criança é negra, branca, gorda ou magra, todas sem exceção são lindas e impecavelmente perfeitas.

A criança é amplamente aceita pelo simples fato de existir e tudo que ela faça é motivo para boas gargalhadas, basta ela sorrir, gritar ou sacudir um objeto qualquer no chão. Tudo que ela faz é lindo, puro, e inspira um amor infinito. Nenhuma parte do seu corpo é proibida nem nada que ela faça é condenável, até que ela cresça.

Sendo assim, como passar do tempo a criança vai deixando de despertar risos frouxos por qualquer motivo banal, seu desempenho passa a ser continuamente avaliado através de provas, notas, medalhas e resultados. O seu corpo precisa agora ser escondido, primeiro as partes genitais, depois a barriga, os seios, as pernas e tudo mais. O carinho e os beijos se restringem ao rosto, às vezes nem tocam mais as bochechas, sendo apenas algo simbólico. Os apertos de mão e as palavras muitas vezes cedem lugar ao contato de pele a pele. E cadê aquele amor todo que faz uma falta imensa?

Eis então que descobrimos o sexo, e esse parece ser o caminho de resgate daquele amor da infância, da aceitação do nosso corpo do jeito que somos, da irrelevância de nossos pequenos “defeitos”. O carinho se torna tão ou mais abrangente que outrora, os beijos deixam de se concentrar nas bochechas e colonizam todo o corpo, que volta a ser novamente puro e limpo.

No sexo buscamos nos entregar a uma união íntima, física e emocional, com alguém que cuide e ame a nós independentemente de qualquer outra coisa. Essa pessoa vai rir de qualquer bobagem que fizermos, vai resgatar aquela sensação de amor pleno da infância e mostrar que tudo continua como antes, permitindo que sejamos tão felizes quanto num dia muito distante já fomos.


[Mente Hiperativa]

2 comentários:

  1. AGORA É Q EU QERO MESMO LER O LIVRO KKKK

    FREUD afirma que o amor está no resgate das sensaçoes de completude que vivemos na infancia com a figura materna... as qestoes edipicas e td mais.. esse seu texto vai para esse caminho.
    porem o sexo tem o lado pulsional institivo animal que difere um pouco do que vc escreveu ai. eu gostaria muito de acreditar que o sexo está sempre ligado ao amor mas nós sabemos que nao é bem assim.

    lacan diz que o amor é dar o que nao se tem, e acredito que o sexo seja a busca dessa completude perdida ... o gozo sexual para lacan remete a uma sensação de morte de está completamente fundido ao outro.. é muita viagem vamos marcar um vinho filosofico?

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  2. .... tem muito assunto pra conversar kkk

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